A plataforma Wattpad gostaria de se tornar uma grande oportunidade para os autores que procuram invadir o cenário editorial.
A americana Anna Todd, autora do fenômeno editorial “After“, chagou à fama em 2013, graças à plataforma Wattpad e, três anos depois da exposição nas listas dos mais vendidos, continua a acreditar que este tipo de plataforma digital é a “única” saída para jovens escritores.
“O futuro dos jovens é em plataformas digitais. Editoras, ao menos nos EUA, estão apenas interessadas no habitual, querem apostar, com certeza em hits, e não procuram novos escritores”, lamentou Todd à Agência Efe, durante a feira do livro realizada na semana passada no Panamá.
Então as plataformas como o Wattpad se tornam uma grande oportunidade para os autores que procuram invadir o cenário editorial, ou que simplesmente querem ter um momento bom, escrevendo. “Existem histórias sobre qualquer coisa que você pode imaginar, pode até encontrar um livro sobre o Barack Obama tornando-se o Batman”, brincou.
“Outro ponto forte destas plataformas”, acrescentou, “é a interação e a proximidade que se desenvolve entre autores e leitores.” De acordo com a usuária de 27 anos, o Wattpad a ajudou a “dar continuidade à história” de amor entre Hardin e Tessa em detalhes de acabamentos que havia se esquecido.
“Em um capítulo de um dos livros, eu escrevi que o carro de um personagem era, na verdade, branco e na realidade, era vermelho e não havia me dado conta. Foi um leitor que me avisou!”, lembrou rindo.
A série “After” que consiste em seis livros, tornou-se um fenômeno editorial entre adolescentes e tem permitido esta jovem de Ohio a viver fazendo o que gosta.
Todd postou em Abril de 2013 o primeiro capítulo do que se transformaria em seu primeiro best-seller, o que acabou levando à 1 bilhão de leituras online. De acordo com a Metro, que publicou a série em espanhol, mais de 60 mil cópias dos dois primeiros volumes foram vendidos em dois meses e meio (!).
O trabalho é também um dos maiores expoentes do que é conhecido como “fanfiction”, um termo que pode ser traduzido como “ficção de fãs” e refere-se às histórias que os fãs escrevem sobre o mundo que admiram.
“Todo mundo tem sua própria definição do que é fanfiction. Pra mim, consiste em um fã se apropriar de um mundo que gosta tanto e moldá-lo à seu gosto”, admitiu.
A história começa quando Tessa Young entra na faculdade e conhece Hardin Scott, o bad boy do campus, cujo inicialmente o personagem é inspirado em um dos membros da banda britânica One Direction, Harry Styles.
“Ainda não conheço a One Direction pessoalmente, me dá medo conhece-los, tenho medo de me decepcionar. Eu não sei se leram os meus livros, mas sei que sabem de sua existência”, admitiu Todd, que está prestes a publicar mais dois livros de um personagem que está na série.
Muitos leitores têm comparado o universo criado por Todd com o best-seller erótico “Cinquenta Tons de Cinza”, mas ela não concorda, pois as histórias são “muito diferentes”, mas considera esta [comparação] uma honra.
Também foi dito que seus romances juvenis são machistas e promovem um relacionamento de dependência emocional e, inclusive a depreciação da mulher.
“Hardin (o protagonista) é obsceno, mas não é machista, é rude com todos, independente do sexo”, argumentou.
“Dizer que meus livros promovem a violência contra as mulheres é como dizer que ‘Game of Thrones’ incita a matar pessoas. Acho que existe uma grande diferença entre escrever sobre algo e promover”, resolveu.
Leia a matéria original, em espanhol, clicando aqui.